Parte 1

Antes, a Ilustração

Era comum, no século retrasado, produzir uma ilustração mostrando uma cena que representava a notícia. Isso numa época em que ainda não havia a fotografia. Com o advento da desta, essa função de representação pictórica da notícia desempenhada pela ilustração perde o lugar para a fotografia. Ela substituiu a ilustração de caráter jornalístico, ficando a esta última uma função interpretativa, ou uma função “infográfica” – gráficos ilustrados tão comuns nos jornais hoje em dia, que não podem ser substituídos por fotos.

Com a sofisticação da fotografia, a ilustração como existia antes (até meados do séc. XX) foi perdendo seu espaço, passando a ser usada apenas nos casos onde não era possível se usar uma foto (seja em retratos falados, por exemplo, reconstituições de crimes e afins, ou para dar um charme extra e valorizar a página, o que virou a sua principal função). Ou seja, a ilustração sobreviveu de outras formas – seja como caricatura, ou vinhetas e afrescos. Ou mesmo em variantes como histórias em quadrinhos, o que já virou um novo conceito e uma nova arte.

 “A foto é cada vez mais necessária nos jornais, enquanto que a ilustração, infelizmente, virou um luxo. Um jornal pode, como medida de economia, cortar ou reduzir o número de ilustrações, mas não pode prescindir de fotos.”

André Ota, ilustrador.

História do Fotojornalismo

A história do fotojornalismo é a narrativa das evoluções tecnológicas que permitiram a captura de realidades, principalmente ao longo do século XIX, nos acontecimentos mais importantes. A fotografia começou a ser usada na imprensa diária em 1880. A Alemanha foi o primeiro país a produzir revistas ilustradas graficamente com fotografias. Foi, por exemplo, através das lentes de profissionais como Robert Capa e Henry Cartier-Bresson que o mundo pôde conhecer os grandes momentos históricos.

O fotojornalismo assumiu o status de arte que reflete as várias realidades no momento em que acontecem, dessa forma, começou a desenvolver um papel importante como testemunha ocular no desenvolvimento histórico mundial.

O seu surgimento, propriamente dito, acontece no bojo das revoluções tecnológica que permitiram que os laboratórios de revelação pudessem ser carregados, literalmente, junto com os fotógrafos – o que permitiu o aparecimento de uma nova fase na história. Como a essência do fotojornalismo é o espontâneo, o fato de se carregar os aparatos necessários à revelação das fotografias muito contribuiu para o que se chegasse ao que é hoje.

As revistas especializadas em publicação de fotos, como a pioneira The Illustrated London News, são os primeiros espaços para a exibição das fotografias jornalísticas, ainda em meados do século XIX. Exposições também passam a ser comuns, como a famosa The Family of Man, sem falar dos catálogos como o World Press Photo, que contribuíram para a consagração do fotojornalismo em sua trajetória.

O fotojornalismo assumiu um papel de espelho da realidade, com o registro de acontecimentos importantes, entre eles, a guerra. É fato que a história do fotojornalismo se inicia tendo como tema principal a guerra. Com as inovações tecnológicas, é possível que os profissionais possam chegar até os fronts de guerra pelo mundo. A princípio, as fotos das frentes de batalha eram bem diferentes do que se esperava delas, pois o que se via era uma romantização da realidade, uma vez que os fotógrafos costumavam registrar ou compor imagens dos generais em poses muito diferentes daquelas esperadas numa guerra.

Depois da fase inicial, os repórteres fotográficos passaram a priorizar o espontâneo, o que também foi possível por causa das inovações tecnológicas. A partir deste momento, a guerra tornou-se o principal ambiente de trabalho do fotojornalismo. Por meio desta arte o mundo pôde tomar conhecimento do que ocorria nos conflitos.

É durante a evolução histórica do fotojornalismo que surgirão os fotógrafos consagrados como Robert Capa, Henry Cartier-Bresson e com estes, as grandes agências de fotojornalismo. As revistas especializadas em publicação de fotos são os primeiros espaços para a exibição destes materiais.

O êxito do fotojornalismo começa a se configurar nos finais do século XIX e princípio do século XX. Nessa época, a procura da fotografia que retrata a atualidade tem um aumento importante. Em 1889, O British Journal of Photografy apresenta um arquivo de fotos da atualidade, depois dele, jornais revistas e agências fizeram o mesmo, por pressão.

A guerra franco-prussiana, entre 1870 e 1871, trouxe os primeiros registros fotográficos de soldados em movimento, despontando a estética do movimento e o conceito de velocidade na fotografia. Merece destaque também a cobertura da Comuna de Paris (1871), cujas fotografias já foram usadas como provas de crimes de guerra. Depois de várias experiências, ainda no século XVII, o jornal sueco Nordisk, publica foto com texto. Carl Carleman foi o inventor desse processo, que mostra o advento da imprensa com fotografia em outros países. Em1877, a revista francesa Le Monde Illustré, “defendeu que só dessa forma a fotografia poderia penetrar massivamente no público e tornar-se o meio mais poderoso para elevar culturalmente a humanidade” (p.42).

Outro avanço na história do fotojornalismo foi a experiência da cronofotografia do francês Etienne-Jules Marey (1830-1904). Quando estudava pela fotografia o movimento de pessoas e animais. Técnica que ficou conhecida como “Travagem”, também aprimorada pelo norte-americano Edward Muybridge (1830-1904).

Nas últimas décadas do século XIX, as revistas de fotografias foram apresentadas em diversas partes do mundo. A primeira nessa categoria é a Illustrated American (1890).

Continua (…)

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