Entrevista com Milton Grenzi

O locutor da Milton Grenzi, de 60 anos, é um veterano do radiojornalismo. Iniciou sua carreira aos 14 anos e desde então não parou mais. Ele concedeu entrevista aos estudantes de jornalismo Felipe Faverani, Flávia Rakoza e Gabriele Moreno na tarde do dia 16 de maio.

Muito irreverente, Milton falou sobre o futuro do rádio com o avanço da tecnologia e de como é trabalhar com jornalistas recém-formados.

Confira os principais trechos da entrevista abaixo:

Quando o senhor começou a trabalhar com rádio? E por que escolheu rádio?

Milton Grenzi: Em 1963, com quatorze anos, recebi uma oportunidade para trabalhar na Rádio ABC.

O que mais me incentivou a escolher rádio foi uma quermesse da igreja da qual eu participava sempre. Foi uma oportunidade de ter contato com o público já que a quermesse era um ponto de encontro de casais na época. Aprendi a lidar com o microfone e desde então não parei mais.

Hoje sou formado em jornalismo e participo de um programa na parte da manhã como jornalista. Gosto de interagir com as pessoas, de ser locutor e apresentador de programa.

O papel do locutor está em baixa?

Milton Grenzi: Aí depende da escolha. Algumas emissoras abrem mão dessa forma de apresentar, do contato com o ouvinte. E há por parte da rádio AM uma tendência a ser mais informativa interpretativa. Apesar de que isso acontece na FM também.

A FM não tem a mesma forma de locução que a AM. É muito rápido o contato, não tem o mesmo tempo que a rádio AM.  E a rádio AM é uma radio mais popular, mais de massa.

A linguagem da TV surgiu a partir da do rádio. Quais são as principais diferenças hoje entre elas?

Milton Grenzi: Eu acho que tem pouca diferença. Já foi muito maior, mas hoje a TV imita muito o modo de se apresentar na rádio. A entonação mesmo. O rádio evidentemente acaba despertando uma atenção maior, porque você imagina a imagem, e na TV você vê. Mas entre a rádio e a TV há uma sincronia.

Qual é a dificuldade de lidar com o publico?

Milton Grenzi: Nenhuma. Não vejo nenhuma dificuldade em lidar com o público, só basta entender as diferenças culturais, de comportamento de cada grupo. É como se você trabalhasse num comércio, são centenas de pessoas durante o dia, e você tem que aprender a lidar com elas. Gosto do que faço e faço bem feito. Eu gosto de trabalhar com rádio. É uma forma de contribuir com as pessoas. A rádio é feita praticamente pelas pessoas. Somos só um elo.

O quanto você se satisfaz quando um ouvinte liga e lhe faz um elogio?

Milton Grenzi: Temos de mensurar o que é dito. Dou sim importância ao que o ouvinte tem a dizer. E ninguém estagna. É importante que você sinta o quanto você está alcançando ou não o seu ouvinte. Temos que ponderar os elogios e as criticas. Ninguém agrada a gregos e troianos.

Como é lidar com um recém-formado em jornalismo?

Milton Grenzi: Acho fantástico auxiliar os iniciantes na profissão. Você consegue extrair petulância, sonhos, e é importante você dar essa contribuição aos jovens e dizer: continuem e não meçam o que vão fazer pelos nãos recebidos. Ou pela quantidade de sim que receberem. Não importa o que, façam bem feitos. Vão lidar com emoções, coisas sérias, tristes, alegres, então é importante saber a importância disso.

O senhor acha que algum dia a rádio vai acabar?

Milton Grenzi: Acho que a radio não vai acabar, vai ser sempre o companheiro das pessoas. Apesar da modernidade, o rádio é uma forma de aproximar as pessoas. Em minha opinião, jamais. Todos teríamos que ser robôs para dispensar esse tipo de comunicação.

Postagem realizada pelo Grupo 3 – Matutino

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