Produção em Rádio – matutino

Comunicação

Rádio: 115 anos de história

De Marconi aos dias atuais, como se deu a evolução dos produtos jornalísticos radiofônicos


No ano de 1896, há exatos 115 anos, o físico italiano Guglielmo Marconi (1874 – 1937) patenteava o primeiro aparelho de telegrafia sem fios, na Inglaterra. O jovem de 22 anos, que havia saído da Itália por não perceber interesse pelas suas experiências no seu país de origem, após intensos estudos em cima das teorias sobre ondas eletromagnéticas formuladas pelo físico britânico James Clerk Maxwell, deu o primeiro passo para a impulsão daquele que seria o primeiro grande veículo de comunicação massivo da humanidade: o rádio.

Embora tenha havido experiências anteriores na área de radiodifusão, como as do físico alemão Heinrich Hertz (1857 – 1894) e as do padre brasileiro Roberto Landell de Moura (1861 – 1928), respectivamente nos anos de 1879 e 1894, Marconi foi o primeiro a investir na comercialização do resultado de suas pesquisas.

A invenção do rádio marcou profundamente a linguagem jornalística. Em uma época em que o jornalismo passava pela transição de um gênero mais literário para um gênero mais informativo, a volta da oralidade gerou mudanças significativas na maneira como os textos passaram a ser produzidos.

“A rádio está na posse, não só do maior estímulo que o Homem conhece, a música, a harmonia e o ritmo, como também é capaz de oferecer uma descrição da realidade através de ruídos e com o maior e mais abstrato meio de divulgação de que o Homem é dono: a palavra.” (ARNHEIM, 1980; p. 16).

No princípio era o rádio. . .

Três anos após o registro de patente da invenção, em 1899, Guglielmo transmitiu através do Canal da Mancha o Código Morse, experiência que foi concluída com êxito pelo inventor. No começo do século XX, em 1901, os sinais de radiotelegrafia emitidos da Inglaterra chegaram à cidade de Labrador, no nordeste do Canadá. Foi a primeira vez que uma radiofrequência cruzou o Atlântico.

Em 1905, Marconi fundou a Companhia Marconi. A empresa produzia rádios em grande escala principalmente para navios. Em 1909, 1.700 pessoas foram salvas de um naufrágio devido ao sistema de telegrafia criado pelo inventor. A notícia repercutiu em todos os jornais britânicos da época.

Ainda nesse ano, juntamente com o físico alemão Karl Ferdinand Braun (1850 – 1918), descobridor dos semicondutores, Guglielmo recebeu o prêmio Nobel de Física pelo reconhecimento do seu trabalho de anos de pesquisa acerca de técnicas de transmissão da radiodifusão.
A partir daí, o rádio foi difundido por toda a Europa e também pela América do Norte, berço das primeiras empresas radiodifusoras de que se tem notícia. Nos anos seguintes, o rádio se disseminaria de maneira surpreendente principalmente nos EUA.

O início do radiojornalismo e da rádio comercial

O primeiro programa de rádio de que se tem notícia foi ao ar no ano de 1916, em Nova Iorque. Apresentado pelo físico norte-americano Lee De Forest (1873 – 1961), a primeira notícia a ser transmitida, em forma de boletim, foi a da vitória de Woodrow Wilson (1856 – 1924) na eleição presidencial de 1916. A narração de Forest é considerada pelos estudiosos como o primeiro registro de radiojornalismo da história.

Surgiu assim um novo modo de fazer jornalismo. Teve início a valorização do imediatismo e da rapidez de relatar uma notícia. Dessa forma, o jornalismo radiofônico galgou seu espaço no cenário norte-americano ao passo em que o rádio foi se tornando mais popular no país.

Com a chegada da década de 1920, iniciou-se nos EUA a chamada Era de Ouro do rádio norte-americano. Para se ter uma ideia, o número de rádios nos EUA em 1921 era de apenas quatro emissoras. No ano seguinte, em 1922, o número subiu para 382. Por esse motivo, não demorou muito para que a radiodifusão, claramente um mercado em expansão, se tornasse um mercado atrativo para anúncios.

A primeira rádio comercial nasceu no estado de Nova Iorque com o nome de WEAF. Pertencente ao grupo Telephone and Telegraf Co., cobrava de seus anunciantes o preço de dois dólares por 12 segundos de comercial e 100 dólares por 10 minutos. Os anúncios eram transmitidos durante os intervalos dos radiojornais.

Radiojornalismo no Brasil

A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro foi a primeira estação de rádio criada no Brasil, no dia 20 de abril de 1923. Porém, a Rádio Clube de Pernambuco, que está no ar até hoje, realizou suas primeiras transmissões quatro anos antes.

Na década de 30 há o nascimento da classe média, e com o início do movimento operário, surge a Revolução. No poder com o presidente Getúlio Vargas (1883 – 1954) e nas ruas, com o rádio. O país enfrenta mudanças das comunicações e acompanha a luta política.

Em 1938 é criada a Hora do Brasil, e no ano seguinte com o início da Segunda Guerra Mundial, o rádio vira uma peça fundamental na transmissão de fatos diários ao redor do mundo.

Roquete Pinto (1884 – 1954), o primeiro radialista brasileiro, selecionava em vermelho as notícias a serem lidas na Rádio Sociedade. Os programas não tinham horários fixos, era de acordo com a quantidade de rabiscos selecionados e a locução era feita por ele mesmo.

É fundada a Rádio Nacional do Rio de Janeiro em 1936, e em 1940 passa a fazer parte do Patrimônio Nacional, a partir do decreto assinado pelo então presidenteVargas.

Chega a “Época de Ouro”: nas décadas de 40 e 50 a audiência sobe, a Rádio Nacional é líder absoluta. E dois programas noticiosos travam disputa: O Repórter Esso e O Grande Jornal Falado Tupi.

O Repórter Esso foi o primeiro noticiário de radiojornalismo no país e foi criado para divulgar a guerra dos EUA. Com apoio do presidente Vargas, o programa não informava notícias da Europa, da Ásia e da África se não houvesse interesse dos americanos.

Grande parte da credibilidade do Repórter Esso com a população foi resultado da locução de Heron Domingues (1924 – 1974), e pela primeira vez um jornal falado tinha horários certos para entrar no ar, lançado assim o primeiro Manual de Produção para orientar jornalistas na locução e na preparação de um noticiário.

“Foi Heron que mediu o tempo de leitura e começou a numerar as linhas. Uma leitura normal de um locutor de notícias demora 15 linhas por minuto. Isso foi descoberta do Heron, ou pelo menos, introduzida por ele no radiojornalismo. Então, era fácil determinar quanto tempo iria durar um jornal. Bastava numerar as linhas e ir somando os valores (…)” (MANSO, José Maria, BBC Brasil 1988)

As regras básicas do Repórter Esso eram: ser um programa informativo, não comentar notícias e sempre fornecer as fontes. O que foi imitado por vários outros jornais ao longo do tempo.

Chega o declínio: é o fim do apogeu da Rádio Nacional. Com a popularidade da televisão no final da década de 50, as rádios são obrigadas a rever a programação e alterar seus planos.

Com o Golpe Militar de 1964, são afastados 67 profissionais por conta da censura. O enfraquecimento acentua e as rádios caem em crise.

E então o Repórter Esso termina suas transmissões no dia 31 de dezembro de 1968 com a narração de Heron Domingues e com o locutor Roberto Figueiredo despedindo-se bastante emocionado.

E nessa época a rádio sofre modificações para concorrer com a televisão, surgindo então as rádios FM. Ao enfrentar a expansão da TV, responde com as rádios livres, fundamentais nas lutas políticas de esquerda.

Já na década de 90, surge a primeira emissora “all News”, onde a programação é composta apenas de notícias ou reportagens, com conteúdos apenas jornalísticos.

Em 2004 teve uma revitalização: a Rádio Nacional do Rio de Janeiro é reinaugurada no dia 3 de julho, quando foram terminadas as obras de restauração feitas por meio de contrato firmado entre a Radiobrás e a Petrobrás.

Há quem diga que o rádio acabará dentro do contexto multimídia, e para outros o rádio pode continuar convivendo com a internet, fortalecido pelas possibilidades abertas com as novas tecnologias.


Postagem realizada pelo Grupo 3 – Matutino

FONTES:

Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/629950 Acesso em 19 de Maio de 2011;

http://www.arpub.org.br/zip/texto5.pdf Acesso em 19 de Maio de 2011;

http://lopezfreire.wordpress.com/ Acesso em 19 de Maio de 2011;

http://www.infoescola.com/comunicacao/reporter-esso/ Acesso em 19 de Maio de 2011;

http://www.bocc.ubi.pt/pag/_texto.php3?html2=canavilhas-joao-webjornal.html Acesso em 20 de Maio de 2011;

http://pt.scribd.com/doc/26821476/JORNALISMO-RADIOFONICO-SOBREVIVENDO-A-ERA-DA-INTERNET Acesso em 20 de Maio de 2011;

http://www.radio.ufpr.br/LINKS/historia.htm Acesso em 20 de Maio de 2011;

http://conferencias.ulusofona.pt/index.php/sopcom_iberico/sopcom_iberico09/paper/viewFile/396/391 Acesso em 20 de Maio de 2011.

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