Inovações de J. Carlos em O Malho

Antes de J. Carlos assumir O Malho, a revista já tinha seu público estabelecido e uma relação de importância com o cenário político da época.
Foi criada em Setembro de 1902 e contava com a colaboração da escrita de Olavo Bilac, Emilio Menezes e Bastos Tigre e com os maiores caricaturistas da época, Raul, K. lixto, Yantok , Nassara, Theo, Figueroa e Guevara.
Suas capas eram impressas em duas a três cores, tratando dos principais assuntos políticos da semana através de charges. Sua compreensão exigia conhecimento no assunto pelo leitor, pois o conteúdo era muito simbólico.
Até 1922 as caricaturas, eram desenhadas dentro de um retângulo delimitado de vermelho ou azul, que funcionava como moldura para as imagens.

Bonecos, ou “calungas”, como eram chamados, costumavam representar figuras políticas. Personagens femininas eram restritas e representavam conceitos abstratos de paz, anistia, pátria, política, imprensa, retórica. Os masculinos eram predominantes, como figuras alegóricas.
As cores utilizadas são o vermelho, que sempre está presente, em cada número cores vibrantes e chamativas, associadas à aposição política, são utilizadas para dar destaque no ponto de venda e cores frias como azul ou preto, são associadas com o vermelho, preenchendo o logotipo ou áreas das imagens.
Em 1922 J. Carlos rompe a moldura que era empregada. Seu desenho passa a escapar pelas laterais, ganhando um pequeno aspecto dos cantosde fita de cinema.

A revista tinha o formato 23X32 cm, com o miolo de 64 páginas. Dois terços das páginas eram impresso em papel jornal, com o conteúdo em texto e desenho a traço, em uma ou duas cores. E um terço em papel couché, apresentando matérias ilustradas, fotorreportagens, anúncios mais caros e desenhos de página inteira, com duas a três cores.
A encadernação era de baixo custo, do tipo canoa, comum nas revistas semanais, que são empregadas de forma simples, rápida e barata.
O Malho era uma revista popular, assim atingia um público, que vai desde a classe média, até os semi-analfabetos e analfabetos das camadas populares. Por isso J. Carlos adotou procedimentos gráficos entre a tipografia e desenho, com a preocupação nas possíveis limitações de conhecimento do leitor.
Colocou nos logotipos internos e no texto corrido, desenhos, brincando com a sua materialidade, dando leveza e agilidade na leitura. Criando uma página harmônica e convidativa, de forma sutil e ousada.

Cardoso, Rafael [2005:137] ressalta que a relação entre tipografia e imagem “muito comum nos dias de hoje, não era, em absoluto, freqüente nessa época em lugar nenhum do mundo.”
Os editoriais apresentavam duas páginas, em lugares diferentes, uma sendo para ler e a outra para ver.
A primeira no inicio da revista, era composta por um pequeno desenho a traço em uma ou três colunas impressa em papel jornal. A segunda, em papel couché, apresentava uma charge legendada, uma caricatura ou um poema ilustrado, com um  texto apenas complementando a informação gráfica.

Referências Bibliográficas:

CARDOSO, Rafael. O design Gráfico Brasileiro antes do design, Editora Cosacnaify, 2005

CARDOSO, Rafael. Impresso no Brasil 1808-1930 – Destaques da história gráfica no acervo da biblioteca nacional, Editora Verso Brasil.

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