Não obrigatoriedade do diploma

Ter ou não ter o diploma interfere no perfil do jornalista?

“Tem que estudar”, foi a primeira coisa que Kaká Siqueira, 50, locutor da Rádio Record, disse aos aspirantes a jornalistas quando entraram na sala de gravação.

É extremamente necessário ter sensibilidade, boa base teórica e cultural, responsabilidade e ética, pois os jornalistas devem passar ao leitor/telespectador/ouvinte o que realmente está acontecendo na sociedade. De acordo com Aloysio Biondi no livro “Perfis de Jornalistas”, é preciso informar o público, mesmo que essa população não tenha interesse pelas notícias.

De acordo com Alberto Dines, para que isso ocorra, o profissional deve desenvolver técnicas, em uma faculdade ou curso técnico, com professores que irão ensinar com propriedade.  “Esses cursos devem ser absolutamente profissionalizantes. Não adianta estudar Semiótica, é preciso estudar lead, redação, ética e legislação.” (DINES, 1991, p. 18)

Segundo Patrick Santos, da rádio Jovem Pan, para a boa formação do bom jornalista a leitura e o conhecimento do mundo são essenciais, porque a cultura do jornalista está implícita na matéria, já que o profissional escreve de acordo com o que ele é. Por isso, de acordo com ele, a não obrigatoriedade do diploma para o curso de jornalismo abriu espaço para aquelas pessoas que lêem bastante e possuem “bagagem”, porém, isso tem o seu lado negativo que é a não formação do perfil do jornalista, que deve ser dinâmico e ser incansável.

 

Joseval Peixoto, 73, também da Jovem Pan, afirmou que não poderia ser a favor do diploma, já que ele mesmo era radialista aos 17 anos, sem a graduação. O conhecimento e a  formação do profissional ele adquiriu na faculdade, a qual acha imprescindível para um jornalista. Porém não acha necessário o diploma, pois assim como menciona o  seu próprio exemplo, muitas pessoas que comentam determinados assuntos na rádio são especialistas no assunto, e não jornalistas. Com a obrigatoriedade do diploma, como essas pessoas poderiam participar de um programa como o Jornal da Manhã? É o que questiona Joseval Peixoto. “É muito mais importante a formação do que o diploma”, afirma o jornalista.

Britto Jr., também não é a favor da obrigatoriedade do diploma, pois ele acredita que uma pessoa que não é formada em jornalismo, pode ter muito talento, e isso não deve ser desperdiçado só porque não possui um diploma, porém se a pessoa possuir diploma e talento, já é outra história. Ele disse, “eu não conheço nenhum jornalista que tenha chegado da faculdade sabendo o suficiente para trabalhar como repórter ou em outra função. Agora, se você tem diploma e talento, leva vantagem sobre a concorrência”.

Em contrapartida, o jornalista Antônio Carlos Fon, em entrevista para o livro “Perfis de Jornalistas” acredita que ter um diploma não demonstra essa vantagem a que Britto Jr. se referiu, “o certo é que do modo como são ministrados hoje, os cursos não funcionam” (FON, 1991, p.30).

Analisando as respostas de nossos entrevistados e com base na leitura do livro “Perfis de Jornalistas” e “A Arte de Fazer um Jornal Diário”, a opinião da maioria dos jornalistas é de que o ensino deveria ser melhor, e a faculdade deveria ser um meio de melhorar a qualidade dos profissionais e por isso o diploma não é tão importante. Fica implícito que todos gostariam que um diploma fosse a solução, mas com o avanço das mídias digitais e a precariedade do ensino, aqueles que não possuem diploma, mas possuem aquela veia investigativa, a curiosidade, que todo jornalista deve ter, sai na frente como profissional jornalístico.


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