O show não pode parar!

Aqui nas terras tupiniquins, Assis Chateaubriand – o Chatô – fora o responsável pelas primeiras transmissões televisivas, em 1950. Os aparelhos foram instalados no saguão do prédio dos Diários Associados, em Brasília, no dia 18 de setembro. E foi justamente dois dias depois, pioneirismo também do empresário Chatô, que foi ao ar o primeiro telejornal brasileiro, na Rede Tupi: o Imagens do Dia (REZENDE, 2000, p. 105).

Engana-se, porém, quem acredita na figura do âncora e editor-chefe do telejornal àla William Bonner, há exatos 61 anos atrás; não existia um modelo padrão de programação, tampouco de “jornalista” de tevê. O estilo telejornalístico herdou muitas características da locução radiofônica, com timbres fortes e vibrantes. O que diferenciou esta plataforma das outras – o jornal impresso e os radiojornais -, fora o uso de imagens em movimento, aliadas a um texto que complementasse as informações contidas nas gravações.

Em 1952, na TV Tupi do Rio, nasce um dos telejornais mais importantes da tevê brasileira, uma “testemunha ocular da história”: o Repórter Esso, apresentado por Gontijo Teodoro, noticiando os principais acontecimentos  do Brasil e do mundo. Desde então, telejornais foram criados pelas mais diversas emissoras, inspirados no estilo norte-americano de hard news e com uma linguagem coloquial, sem cair na vulgaridade. A televisão passou a representar um veículo de massa, um referencial no acesso às informações e ao entretenimento por grande parte da população – entre eles, iletrados.

No dia 1º de setembro de 1969, o Jornal Nacional era transmitido pela primeira vez, um dos líderes de audiência na categoria. A criação de um telejornal pela Rede Globo de Televisão coincidiu com o período político no qual o Brasil se encontrava nos anos 60, durante o regime militar. A Globo e o próprio Jornal Nacional ficaram marcados pelo apoio à ditadura, tornando-se conhecidas como instrumentos de manipulação do governo às massas (SILVA, 1985, p. 13).

A partir da década de 70, a televisão caracterizou-se pelo avanço tecnológico e o apuro técnico. O padrão “global” de qualidade marcou a década, com o surgimento das câmeras portáteis de videotaipe, o que permitia uma maior movimentação do repórter e dos cinegrafistas.

A cada ano que passa, a TV Globo perde audiência. Neste ano, até mesmo o horário de exibição do Jornal Nacional foi alterado, na tentativa de conquistar novos telespectadores. Além desta questão, existem as novelas e os jogos de futebol, que fazem com que a audiência do jornal oscile.

Em janeiro, na reta final da novela “Passione”, o telejornal teve média de 34,5 pontos – cada ponto equivale a 58 mil domicílios na Grande São Paulo. Em fevereiro, caiu para 31 pontos, mas subiu para 32,5 pontos até 19 de março, com o final de “Ti Ti Ti”. Estes dados revelam o motivo pelo qual é tão difícil alterar a programação da emissora. As pessoas muitas vezes deixam a televisão ligada porque estavam assistindo a uma novela antes do jornal ou porque querem assistir ao que virá após o seu término, e não porque querem acompanhar as principais noticias do Brasil e do mundo naquele dia.

No último mês, o Jornal Nacional fez sua chamada anunciando apenas crimes e cenas de violência. Coincidentemente, a decisão do âncora Willian Bonner de alterar a chamada do jornal, realizada da mesma forma há tantos anos, foi em um período de baixa audiência do jornal.

Grupo 4 – Matutino

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