Assis Chateaubriand

Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo. O rei do Brasil.

por Alexandre Moreira

 “(…) Era uma IBM mais sensível que as comuns, acionada por leve toque que usara até
meados de março daquele ano. De trás das cadeiras de rodas do jornalista, saiam
correias e roldanas, terminando numa haste da qual pendia uma munhequeira de
couro. Ali, arranjava-se o pulso esquerdo do enfermo. Movendo o antebraço
esquerdo para os dois lados, Chateaubriand conseguia parar o único dedo útil
sobre a tecla e digitá-la.”

“(…) Em 1968, aos 76 anos, Assis Chateaubriand desistiria da sua máquina elétrica especial onde escrevera nos últimos oito anos, seus artigos para jornais de sua cadeia o Diário da Noite e Diário de S. “Paulo.” (LAURENZA, Ana Maria de Abreu. História da Imprensa no Brasil, p. 179)

            Com esse esforço e persistência que um dos personagens mais importantes da história da imprensa do Brasil viveu. E foi assim que nos deixou. 
            Sempre com inovações, umas maiores que outras. Como o pequeno engenho de sua máquina de escrever criada pela IBM especialmente para ele. Especialmente para lutar contra um grande problema. O acidente vascular cerebral de fevereiro de 1960. 
           Oito anos escrevendo desde uma cama no hospital Santa Catarina em São Paulo, após a uma trombose dupla. No dia 4 de abril de 1968, morreu Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo.           

            É impossível relatar a história da imprensa e do jornalismo sem citar o seu nome. Foram muitas suas contribuições, ideologias, empresas e polemicas.
           Assis Chateaubriand ou Chatô como ficou conhecido, foi jornalista, empresário, político,advogado, professor de direito, escritor e membro da Academia Brasileira de
Letras. Um dos homens públicos mais influentes do Brasil nas décadas de 1940 e
1960. Considerado por muitos um visionário no ramo da comunicação. Criador do Diários Associados, corporação que já foi a maior da história da imprensa brasileira  e até hoje é a sexta maior empresa de mídia do Brasil.

            Filho de Francisco José e Maria Carmen. Chateaubriand nasceu em Umbuzeiro, Paraíba no dia 5 de outubro de 1982. Dia dedicado ao Santo Francisco de Assis. Santo de que sua mãe era devota. Foi assim, em forma de homenagem que lhe deu o seu nome. Já o sobrenome Chateaubriand foi agregado à família por uma admiração do seu avô José Bandeirade Melo pelo escritor François-René de Chateaubriand.

                           “Além de gago ele era feio, raquítico e opilado”.  Assim foi como o descreveu Fernando Morais a aparência de Chateaubriand quando menino em seu livro “Chatô O rei do Brasil”.  E foi por essas características que Chatô submeteu-se grande parte da sua infância aos tratamentos caseiros para engordá-lo e fazê-lo falar “direito,” sempre sendo
obrigado pelos pais. 
                          Foi uma infância difícil, Assis Chateaubriand só foi ler sua primeira frase aos 10 anos de idade. Não fez o curso primário por vergonha dos deboches que recebia em classe por ser gago. 
                         No dia 22 de novembro de 1904, aos 12 anos ele deixava de ser oficialmente analfabeto, quando foi aprovado em um exame de admissão para ingressar no primeiro ano de ginásio. Mas sua evolução foi rápida. Aos 15 anos já falava um pouco de alemão um pouco de francês. Sua curiosidade pelos jornais já estava aflorada. Tinha lido e devidamente guardado em casa, mais de quatrocentos artigos escritos por Carlos de Laet.
                       Foi por essa curiosidade que o fez descobrir o sobrenome Lundgren.Família de milionários donos de industrias têxteis, senhores de engenho, criadores de cavalos de raça e os maiores anunciantes do nordeste. Os Lundgren que mandavam na imprensa e em quem mais quisesse no Nordeste. 
                     Assis, foi diretamente a D. Ana Louise Lundgren pedir um emprego e o conseguiu, mas na função de copeiro da casa. Não durou muito na função. Louise logo percebeu os dotes do garoto e lhe consegui uma entrevista com o diretor da recém-fundada Gazeta do Norte. E assim foi como conseguiu seu primeiro emprego como jornalista, que não lhe durou muito tempo. O Jornal faliu e Chatô ficou desempregado por um bom tempo, poisnão tinha experiência suficiente para ingressar nos grandes jornais da região. O que lhe levou a dedicar todo o seu tempo aos estudos preparatórios para
ingressar na Faculdade de Direito. No dia 2 de novembro de 1908 foi aprovado no curso jurídico e social da Faculdade de Direito de Recife. 
                   Logo depois conseguiu uma vaga de aprendiz no jornal O Pernambuco que estava para inaugurar. Passou também pelo Jornal do Recife, mas foi demitido por escrever um artigo com críticas ao jornalista Sílvio Romero. E então começou a escrever pra o Jornal Pequeno e para o veterano Diário de Pernambuco. Neste foi nomeado
diretor em uma situação inusitada. Os diretores lhe passaram o cargo por medo
de serem linchados por causa da revolta popular em frente ao prédio do jornal
em protesto contra a vitória do candidato Francisco de Assis Rosa e Silva
(proprietário do jornal) a governador. No dia 18 de janeiro Chateaubriand pôs de novo o Diário nas ruas, mas no dia 26 de fevereiro o jornal foi invadido e totalmente destruído. Somente um ano depois e com novos donos o Diário de Pernambuco foi reaberto. 
                      Assis continuou trabalhando no JornalPequeno durante dois anos e somente saiu de lá para virar redator-chefe e secretário de redação do jornal Estado de Pernambuco criado por Rosa e Silva e que não durou muito tempo para pedir demissão.

                     Chateaubriand então prestou concurso para professor de Filosofia do Direito. Foi aprovado. Porem, não chegou exercer a profissão.  Pouco antes,recebera uma proposta feita por Ana Louise Lundgren, de quem fora mordomo por alguns dias, para defendê-la na corte Federal (na época o DF era no Rio de Janeiro). Ele aceitou. Pois a proposta era financeiramente irrecusável e partiu  para o Rio. O processo durou mais de um ano. E só chegou ao fim em meados de 1917, com uma vitória espetacular de Chatô. 
                 Acostumado então em viver na atmosfera cosmopolita da capital federal, resolveu ficar no Rio e abrir o seu próprio escritório de advocacia. 
               Trabalhou como editor chefe no Jornal do Brasil. Em 1920, como enviado especial do Jornal da Manhã na Alemanha. 
               Às oito da manhã, no dia 30 de outubro de 1924, aos 32 anos, Chateaubriand realizava um sonho. Adquire o periódico carioca O Jornal por 6 mil contos de réis.Sonho que só foi realizado graças a recursos financeiros fornecidos por alguns “barões do café” liderados por Carlos Leôncio (Nhonhô) Magalhães, e por Percival Farquhar. 
            A partir de então, começou a constituir um império jornalístico chamado de Diários Associados. Ao qual foi agregando importantes jornais.

   O link a baixo contém uma linha do tempo que explicará melhor como foi toda a
trajetória de contrução desse império criado por Assis. Desde a dácada de 20,
aos tempo de hoje.

             http://www.diariosassociados.com.br/linhadotempo/decada20.html

                Assis Chateaubriand foi um visionário que mudou por completo a história do jornalismo no Brasil. Trazendo inovações tecnológicas para o jornal. Tais como impressão, fotos, materiais gráficos e modificando a forma do seu conteúdo. “Foi assim com a máquina Multicolor, a mais moderna máquina rotativa da época, sendo o grupo de Chateaubriand o primeiro e único a possuir uma por longo tempo, na América Latina”. ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Assis_Chateaubriand#cite_note-4 )
               O primeiro em trazer os anúncios publicitáriospara os jornais e em criar uma revista de circulação nacional.  Pioneiro na transmissão de televisão brasileira, cria a TV Tupí , em 1950. “Foi um dos homens mais influentes do Brasil nas décadas de 1940 e de 1950 em vários campos da sociedade brasileira. Assis Chateaubriand criou e dirigiu a
maior cadeia de imprensa do país, os Diários Associados
: 34 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 estações de televisão, uma agência de notícias, uma revista semanal (O Cruzeiro), uma mensal (A Cigarra), várias revistas infantis e uma editora.” ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Assis_Chateaubriand#cite_note-4 )

Fontes:

Chatô: o Rei do
Brasil, a vida de Assis Chateaubriand./ Fernando Morais. São Paulo: Companhia
das Letras,1994

Imprensa Brasileira: personagens que fizeram história / Organizador José Marque de Melo.São Paulo : Universidade Metodista de São Paulo : Imprensa Oficial do Estado de
São Paulo,2005. v.1

História da Imprensa no Brasil/Ana Luiza Martins e Tânia Regina de Luca(
Organizadoras). São Paulo: Contexto, 2008

Wikipédia – http://pt.wikipedia.org/wiki/Assis_Chateaubriand#cite_note-4

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