Faces do jornalismo

Pessoa: “Você está estudando? Faz o quê?”
Estudante: “Eu faço jornalismo”
Pessoa: “Vou te ver na TV logo então, né?”

Essa é basicamente a imagem que se tem quando um estudante fala que está no curso de jornalismo, ou seja, será um âncora ou repórter televisivo, mas existe também o radialista, o redator, o repórter do impresso, o assessor de imprensa, etc. Essa imagem estereotipada muitas vezes assusta alguém que poderia pensar em seguir a profissão. É “determinado”, na maioria das vezes, que é necessário ser extrovertido, interativo e ter boa aparência, mas um repórter não precisa ter necessariamente essas características. O bom repórter é responsável pela apuração dos fatos, reconstrução de acontecimentos, e escrever a notícia sempre mostrando a verdade.

Segundo Patrick Santos, 37, jornalista da Jovem Pan, essencialmente um jornalista precisa “entender gente”, deve conversar, sentir o que a pessoa ou entrevistado está sentindo. Segundo Alberto Dines, deve ser simpático (para não assustar os entrevistados), inteligente e esforçado, porque para qualquer notícia é necessário ter um conhecimento prévio sobre o assunto, ter uma boa base cultural, domínio da língua portuguesa e inglesa.

O mínimo, pois, que se espera de um jornalista ou de alguém portador de tal título é que saiba lidar com sua principal ferramenta de trabalho: o idioma. Em breve, quem também não souber ler e falar inglês será barrado na portaria dos jornais. Ou admitido na condição de visitante. Sorry, mas é isso aí. A língua de Camões não faz o menor sucesso no mundo. (NOBLAT, 2002, p.78)

O jornalista, portanto, é multifacetado. Pode ser extrovertido e ter espírito de liderança, se envolver em todas as áreas do jornalismo, fazendo desde a pauta, até o produto final, que seria a apresentação.

Não há lugar nas redações (…) Para nenhuma grande figura humana que não saiba apurar bem e escrever bem. E acrescente-se: editar bem. Exige-se do candidato a uma vaga nas redações que seja profissional completo e polivalente. Ele tem de dominar todas as técnicas para o exercício da profissão, manejar os instrumentos capazes de ajudá-lo a fazer o melhor trabalho e ter a nítida compreensão do seu papel de jornalista multimídia. (NOBLAT, 2002, p 36)

Mas também pode ser aquele jornalista especializado em uma área, que estuda para ser o redator chefe, o editor chefe, que sabe e conhece todos os instrumentos da profissão, porém se atem à uma única linha da profissão. Como mostra Alexandre Gruber de Castro, coordenador do curso de Jornalismo na Universidade Positivo Curitiba- PR, em vídeo no youtube, o jornalista pode ser introvertido em alguns casos, como por exemplo, o editor.

Com certeza, existe a importância de conhecer e saber um pouco sobre todas as áreas do jornalismo, e o profissional deve ter a habilidade de lidar com os diversos gêneros, seja uma nota, notícia, matéria, reportagem, entrevista, crônica ou artigo, porém ser jornalista não é apenas ser repórter e ficar direto nos holofotes, existe a opção de pauteiro, editor, produtor, assessor de imprensa, etc.

E aqui estão algumas definições de o que faz e como devem ser alguns dos profissionais:

Âncora ou Locutor: É ele que narra e descreve os fatos, geralmente apenas apresenta o jornal.

Repórter: Seja o televisivo, o radialista ou o do impresso, precisa ter na essência a investigação, afirmou a gerente de jornalismo da emissora Record, Lígia Braslauskas. Repórter é aquele que vai confirmar a informação, como diz Noblat, é aquele que entrevista gente e não documentos, e para isso é necessário conhecer, analisar, conversar pessoalmente, não só por telefone, caso contrário, “em vez de repórter, prefere ser chamado de articulista, um acadêmico que consegue a magia de analisar os fatos sem conhecê-los de perto” (Caco Barcellos, 1991, p. 36).

Editor: Quem é o editor? Muita gente talvez nem se dê conta da importância do trabalho dele, que sem dúvida é imprescindível a qualquer veículo de comunicação. O editor realiza uma função pouco privilegiada, longe das câmeras e do sucesso, e quase sempre é desconhecido do grande público, o que em momento algum desmerece seus feitos. Muito ao contrário. Não existe nada veiculado em qualquer tipo de mídia que não passe pelas mãos de um editor. E não são apenas os textos que são recebidos por grandes trabalhadores. Prova disso é que existem editores de textos, vídeos, imagens, e o que mais possa existir no meio jornalístico. Lendo tudo isso, percebe-se que o editor tem um papel diferente do repórter e do redator, por exemplo, os responsáveis pelo desenvolvimento do conteúdo. Se ele realiza um papel tão singular, como “definir” seu perfil ? Essa é uma pergunta difícil, afinal cada perfil é individual, não importa em qual área esteja o jornalista. Apesar disso, Maria Elisa Porchat tem uma maneira interessante de descrever os editores. Segundo ela, o editor é como um artesão, responsável por “limpar” o texto jornalístico, eliminar o que for desnecessário ao entendimento e, mais do que tudo isso, “dar brilho”, para que no final se obtenha um bom texto, que seja nítido, coerente e interessante.

Redator: O jornalista que é redator é, na verdade, aquele que exerce a função mais básica da profissão: a redação. O redator é o responsável por escrever, escrever e escrever. Por mais que muitas pessoas nem lembrem que ele existe, é um jornalista que é muito importante, pois em todos os veículos o primeiro passo para qualquer divulgação é sempre a escrita.

Assessor de Imprensa: Esta é uma das mais modernas áreas do jornalismo atual, que sem dúvida vem crescendo e despertando cada vez mais interesse nos estudantes. Segundo Jorge Duarte, autor do livro ‘Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica’, da Editora Atlas, “o papel básico é facilitar o trabalho da imprensa, de maneira que a sociedade tenha acesso às informações da organização”. Há hoje um grande conflito a respeito do profissional assessor. Será ele um jornalista de fato? Ou será que não? Na opinião de Duarte, essa polêmica não passa de uma grande bobagem, que ocupa um tempo no qual poderiam ser discutidos temas mais interessantes. Independente disso, ser assessor de imprensa exige muitos conhecimentos e cria uma espécie de perfil de jornalista diferente daqueles que trabalham nas populares rádios, redações ou na televisão. Mas, afinal, quem é o assessor, e qual seria, se pudéssemos definir de uma única maneira, o seu perfil? “O profissional deve ser profundo conhecedor das redações, do processo de produção da notícia e da forma de atuação do jornalista. Deve ter, também, capacidade de interlocução interna e habilidades em planejamento e avaliação”, diz Duarte. Ou seja, é alguém de quem muito se exige, o que em nada difere das outras áreas de atuação do jornalismo. Mas só o fato de o assessor trabalhar no lado oposto aos tradicionais jornalistas, já é suficiente para que seu perfil seja diferenciado.  E, na opinião de Duarte, a palavra assessor já estaria defasada e pronta para ser substituída por gestor, pois para ele os assessores nada mais são do que gestores da comunicação. Ou seja, o assunto é controverso, mas sobre o perfil desse profissional, seja lá que nome ele receba, existem para o autor, pontos determinantes. “Acredito que uma das principais necessidades, hoje e cada vez mais, é ter consciência de que a comunicação é um processo amplo, que envolve todas as áreas da organização e exige estratégias e ações sistemáticas e consistentes com variados públicos de interesse. O comunicador deve ter a consciência de que assessoria de imprensa é apenas uma das ferramentas da comunicação. Fundamental, importante, mas apenas uma das possibilidades e das necessidades”. Com isso, pode-se ver que ao mesmo tempo que o perfil é diferente, por ser tratar de um outro ângulo do jornalismo, ele também tem muito em comum com o dos demais jornalistas. Isso porque também são necessários, mais do que tudo, dedicação, muito conhecimento e polivalência.

Jornalista de Internet: De acordo com Lígia Braslauskas, os perfis se unificam nesse momento. No momento atual, os jornalistas que vão se formando e até mesmo aqueles que já estão trabalhando, vão cada vez mais se inserindo nesse meio. O mundo da comunicação caminha para a convergência entre as mídias, o que Lígia define como um “caminho sem volta”. Assim, o jornalista de internet é hoje aquele com necessidade de amplos conhecimentos nos mais variados setores, uma vez que a internet engloba em si tudo o que existe nos outros: a escrita, o áudio, o vídeo. Desse modo, esse jornalista é sem dúvida plenamente capacitado para trabalhar em qualquer meio, pois convive diariamente com todos os outros reunidos em uma única forma: a internet.


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